Numa viela, assisto a tudo sobressaltado:
Dois homens, uma arma, uma mulher;
Dois gritos, um soco, um pontapé.
Ambos correm: bolsa no braço, senhora no chão;
Ambos correm: os dois homens, a minha atitude,
O meu coração.
Recobro o movimento das pernas; milimetricamente,
Caminho em direção à vitima. Ela se opõe a minha chegada
E, de certo, eu também. Não mereço sequer tocá-la. Poderia
Ao menos ter tentado salvá-la do furto.
E minha vida, vale tão pouco assim?
Seria ela mais importante do que eu?
Perguntas que só posso ao fazer, me auto-amaldiçoar. E o faço.
Não dormirei tranquilo esta noite, e nem quero. "Que a minha
Imobilidade sirva aos dias vindouros! Que da próxima vez seja ao
Menos o medroso que se interpõe a arma".
Coloco-a de pé. E ela parte rumo a sua casa.
...
Numa viela, assisto a tudo acostumado:
Dois homens, uma arma, a minha mulher;
Dois gritos, um tiro, um pontapé.
Ambos correm: bolsa no braço, cadáver no chão.
Ambos correm: os dois homens, a minha felicidade,
o meu coração.
11/11/2010
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