terça-feira, 23 de novembro de 2010

Três canções, três reflexões, varios momentos que se interligam

Bom, tudo numa única semana. Todas as músicas que aqui eu postar foram, em dado momento, refletidas e apresentadas a amigos, em momentos diferentes, sob circunstâncias diferentes. Cada uma tem sua parcela na minha semana. A do Bob Dylan foi algo meio filosófico, entre Sêneca e Machado, planejo escrever algo particular que relacione tudo, além desta música ser algo que transcende (e muito) o padrão de uma canção/poema é quase um conto, ou uma novela/romance. Já "Yesterday" é além de uma homenagem, um tributo a Lennon e Paul McCartney e aos Beatles mas a Paul principalmente, por ter acontecido o show aqui, no Brasil (um sucesso). Finalmente, "O Tempo" de Móveis Coloniais de Acaju, para mim a que mais representou a semana e o ano como um todo. Espero que entendam aqueles que tentarem procurar reflexão naquilo que postei hoje. Beijocas.

Like A Rolling Stone - Bob Dylan (Trecho)

"You've gone to the finest school all right, Miss Lonely
But you know you only used to get juiced in it
And nobody has ever taught you how to live on the street
And now you find out you're gonna have to get used to it
You said you'd never compromise
With the mystery tramp, but now you realize
He's not selling any alibis
As you stare into the vacuum of his eyes
And ask him do you want to make a deal?

How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?"



Yesterday - The Beatles

"Yesterday
All my troubles seemed so far away
Now it looks as though they're here to stay
Oh, I believe in yesterday


Suddenly
I'm not half the man I used to be
There's a shadow hanging over me
Oh, yesterday came suddenly


Why she had to go I don't know
She wouldn't say
I said something wrong now I long
For yesterday


Yesterday
Love was such an easy game to play
Now I need a place to hide away
Oh, I believe in yesterday


Why she had to go I don't know
She wouldn't say
I said something wrong now I long
For yesterday


Yesterday
Love was such an easy game to play
Now I need a place to hide away
Oh, I believe in yesterday"

O Tempo - Móveis Coloniais de Acaju

Letra e Música: http://www.youtube.com/watch?v=cKtXh98jFuM

Ao Vivo: http://www.youtube.com/watch?v=1CaCq_p5voI&feature=related

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

log

Sou aquele que tu não vês;
E que deitado na bruma dos
Teus pensamentos se esconde.

Sou aquele que tu prezas;
E mesmo em tua reza, é aquilo
Que tu pensas que penso também.

E a quem serve alguém que diz ter
O amor tão distante de si?
Não sei. E se soubesse não lhe diria.
Já que é tua responsabilidade e
Tua vontade que contesto.

E o faço por que tu tens medo.
Medo da resposta; medo da aposta;
Medo do silêncio e da ausência;
Medo da saudade e do reencontro.
Terminada a conversa:
-Vem cá e me dá um amplexo!

11/06/2010

Crônicas da Imobilidade comportamental II

Numa viela, assisto a tudo sobressaltado:
Dois homens, uma arma, uma mulher;
Dois gritos, um soco, um pontapé.
Ambos correm: bolsa no braço, senhora no chão;
Ambos correm: os dois homens, a minha atitude,
O meu coração.
Recobro o movimento das pernas; milimetricamente,
Caminho em direção à vitima. Ela se opõe a minha chegada
E, de certo, eu também. Não mereço sequer tocá-la. Poderia
Ao menos ter tentado salvá-la do furto.
E minha vida, vale tão pouco assim?
Seria ela mais importante do que eu?
Perguntas que só posso ao fazer, me auto-amaldiçoar. E o faço.
Não dormirei tranquilo esta noite, e nem quero. "Que a minha
Imobilidade sirva aos dias vindouros! Que da próxima vez seja ao
Menos o medroso que se interpõe a arma".
Coloco-a de pé. E ela parte rumo a sua casa.
...
Numa viela, assisto a tudo acostumado:
Dois homens, uma arma, a minha mulher;
Dois gritos, um tiro, um pontapé.
Ambos correm: bolsa no braço, cadáver no chão.
Ambos correm: os dois homens, a minha felicidade,
o meu coração.

11/11/2010

Soneto do Desabafo I

É nos pedir demais cultivar aquilo que
A vocês foi pedido e negado;
É nos pedir demais deixar caído
O amigo que nos trai ou nos destrai;

É nos pedir demais que sejamos burros
E convenientes a situação;
É nos pedir demais ser puramente racionais
E esqueçer que aqui, bate um coração;

É nos pedir demais ter medo;
É nos pedir demais ser covardes;
É nos pedir demais ser reféns.

E a aqueles que nos cobram muito,
Pedimos algo que vai além:
Calem a boca!

02/11/2010

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Soneto do Conselho I

Observar o que observo,
Seguir o meu caminho,
Pela estrada não ir sozinho
Esta é a sina do Vazio

Traçar perspectivas que não são minhas,
Movimentar as peças igualmente
E ao legado, boca sorridente

Com isso, a dor interna,
Um sorriso nada revela,
E os sonhos numa completude inatingível

E eu, de forma maquiavélica, lhe digo,
Seja você mesmo meu amigo
Pois quando o Vazio se esvai,
A certeza da felicidade sobressai.


30/09/2010

(Meio)Soneto de Encontro

Toco a árvore que nunca toquei,
Sinto no contato novo significado;
Se pudesse reunir tudo que amei,
Não teria perdido o amor amado.

Amor este
Que em meu peito se expande;
Ora se esvai, ora se esconde.

E o temor que em meu corpo
Se anuncia, é a morte que nele
Cheio de amor, esvazia.

Assim, esqueçamos a face que nada contém,
E elegido o amor um alguém
Deixe que ele perdure,
E a morte o pendure,
Para todo e sempre,
Amém.

29/09/2010

Reflexões Eleitorais (lançadas pós-eleição ¬¬')

"Eleições 2010: mais uma festa da democracia". Pode ser para os outros pois, a mim que não tive minha candidata entre os presidenciáveis do 2º turno, foi momento de escolha e reflexão. Marina e seus quase 20 milhões de eleitores contribuiram não só para a existência do 2º turno como para o aparecimento de uma palavra que a muito tempo não se via nas disputas presidenciais: alternativa. Essa grande mulher, evangélica, colocou suas crenças de lado em busca de um país mais democrático: julgou que as grandes questões dilemáticas que a nação vive - legalização da maconha, por exemplo - deveriam ter suas respostas em pleibicitos e consúltas públicas; trouxe propostas acerca das questões referentes ao governar e não se imaculou pela velha forma de fazer política: o fuxico, as acusações rasas, o "disse me disse" e as ofensas ao carater e as questões puramente pessoais.
Confesso que vivi um trauma no 1º turno: saí para votar e vi ruas imundas, boca de urna, compra de votos, entre outras coisas que minha mãe considerou "comum" em tempos de eleição. Na minha seção, havia uma senhora idosa que nem votar sabia! Perguntou ao moço da fila se os números estavam corretos e como se utilizava a urna eletrônica. Vinte minutos depois, volto para casa e aguardo ansioso o resultado do 1º turno; nenhum candidato elegido mas vivi a alegria de acreditar, desde a primeira parcial, que existia esperança da "onda verde" "invadir" o segundo turno. A atuação de Marina Silva, nestas eleições, para mim e para muitos teve a mensagem que todos nós queríamos dar ao Brasil: chega da velha politicagem, da corrupção, da falta de compromisso com o eleitor e com o erário.
E assim, nós, os "indecisos", vivemos a falsa esperança de assistir uma propaganda com propostas e um debate sério; Em vão esperei a resolução do caso Erenice, Paulo Preto e adjacências. Ao contrário. Vimos a religiosidade, as privatizações, o aborto, a disputa entre quem tinha os piores antecessores, a bolinha de papel...tudo isso na mesma panela. Mais engraçado é que nós, cidadãos, comemos este mesmo prato do primeiro turno - se puder imaginar a comida que mais odeia, tens sua resposta.
Partindo para uma análise, nestas eleições, o PT mostrou como se elege em massa pessoas do seu partido e coligação: a união de nomes é o segredo - a "DilmaLula", fenômeno indissociável como "LídicePinheiro", eleitos para o senado baiano, é prova disso. A construção de campanha desta coligação foi inteira fundamentada na imagem de Lula. Mostrar como este governo retirou as pessoas da linha de pobreza, proporcionou emprego, crédito... tudo isto esteve em pauta na campanha "Dilma Presidenta". Do outro lado, além das coisas que fez na vida pública, Zé Serra, como sempre faz a oposição, critica a corrupção e coloca seu nome como sinônimo de ética. Em ambos, nada de propostas. Samuel Celestino, de forma aguda escreve, "Dilma e Serra ofereceram o mesmo cardápio robotizado, o mesmo samba de uma nota só" e isso, se reproduziu de forma verdadeira. Dilma veio na onda Lula de popularidade enquanto Serra incorporou a personagem de arauto da ética e da luta contra o vilipêndio a democracia. Eis que, neste clima, iniciam-se os debates a questões nada pertinentes.
A luta pelo destaque religioso se instaurou entre os candidatos. A exemplo disso, o debate pelo aborto entre presidenciáveis é infundado pois, para que possa ser descriminalizado, o aborto perpassa pelo legislativo e não executivo. As privatizações debatidas já ocorreram. De que adianta rever o que foi feito? Além do orçamento governamental não comportar, a época, a manutenção dessas estatais, o que poderia ser levado em conta é como elas foram vendidas e o que o Estado recebeu com a venda. Além dos casos Erenice e Paulo Preto, o surgimento da polêmica bolinha de papel deu margem a algo maior que os últimos escândalos vividos nestas eleições: movido por um imediatismo comum a suas declarações, Lula faz seu pronunciamento sobre o caso de forma agressiva e, na minha opinião, descompassada. Durante seus oito anos de mandato, eram quase semanais as frases e declarações polêmicas que Lula dava. Contudo, a malemolência era sempre superior a todos os problemas sofridos. Agora, tem-se o dilema: irá Lula se retratar? Acredito que não. E ele, que para mim não era "nenhuma brastemp", realça ainda mais a minha aceitação lulística no nível regular de governo. Sobre o ocorrido, Dora Kramer traduziu aquilo que escreveria aqui: "[...]Tudo isso sem necessidade.[...]Tudo isso pelo exercício de um estilo abusivo que não conheçe limites, mas que daqui a oito dias começará a perceber que o poder passa e a ausência dele dói".
Meu voto? Como Caetano digo que "Meu voto em Marina continua tendo validade.Influirá no próximo governo. O embate entre os outros dois anula meu voto possível neste segundo turno. Simplismente sinto que já votei o suficiente".
Só espero que a palavra a que tanto me apego volte nas próximas eleições: alternativa.
30/10/2010